Cavernas
alternativas.
Olá, mais uma vez nos encontramos aqui! Bem,
que bom que veio... não aquentava mais ficar esperando nesta torre escondida e
monótona. He-he, brincadeira! Você provavelmente já sabe da história que vou
contar agora... Um conto aparentemente bobinho e infantil, mas que pode ser
bastante real e filosófico dependendo da maneira como é contado. Ah, me poupe!
Quem nunca se emocionou ao ouvir dos mais velhos essas histórias? Porque você
acha então que elas são e continuarão sendo passadas de geração em geração, com
gente ainda fazendo remakes do texto
original? Pois bem, sem mais blá-blá-blá (geralmente introduções de filosofias
são chatinhas pois são mais teóricas do que práticas, eu sei), vamos ir direto
para a parte legal.
Era uma vez... Não... estou muito atrasado, vamos correr mais um
tiquinho. Bem, era uma vez uma princesa chamada Rapunzel... que foi presa na
torre mais alta... e depois o príncipe veio, escalou seus cabelos (a menina
devia ter tranças bem fortes; mas isso não vem ao caso)... toda a ação se
passou e lógico, viveram felizes para sempre! Depois desse sucesso alemão cair
na boca do povo, a Walt Disney Pictures
lançou em 2010 nos Estados Unidos o filme Tangled
- enrolados. E é aí que eu quero chegar...
Este
escrito funciona também como um convite; quem não viu ainda o filme não é
completamente feliz e não tem o direito de estar vivo! He-he, dentre as
excitantes comparações que podemos fazer à partir da obra, creio que as imagens
da “torre” e das “luzes flutuantes” foram as que mais me intrigaram. A fingida
e malvada Gothel (representando a cobiça e a sociedade das aparências); o
engraçadinho camaleão Pascal (única real companhia para a menina por 18 anos
seguidos); o príncipe que no início do filme apresenta-se como ladrão; bem como
tantos outros personagens; convergem-se na imagem da caverna de Platão
representada pela “torre escondida em um canto da floresta”. Como não tinha
pensado nisto antes? Isto é, no antigo conto dos irmãos Grimm já tinha
camuflada a filosofia do ateniense, só que era pequeno demais para tamanha
visão. Agora, bem... não cresci muito em tamanho.... mas creio que posso ser
mais atento.
Mas, onde estão as sombras propagadas nas paredes? É lógico que neste
caso em particular elas se metaforizam também pelas imagens de todo o mundo
exterior à torre, sombras que ora são pacíficas ora assustadoras na mente da
curiosa Rapunzel. Quase caí da cadeira também quando a “mãe” da jovem diz serem
meras estrelas o que a outra sonha
como luzes flutuantes ou lanternas. A trama oportuniza também assuntos
sobre a relação familiar. Sinto muito leitor, contarei agora o final do filme
(não... espere aí, isso aparece bem no começo!). É claro que Gothel não deseja
aprisionar a “filha” unicamente por um exagerado amor familiar; creio que a
coitada também está cega através do poder da linda flor e vive só em mais outra
caverna alternativa. Porém, como todo bom filme da Disney é deveras emocionante e inteiramente didático, Rapunzel
ainda permanece na torre graças ao respeito e confiança que sente por aquela
que a criou. Ah, mas ela não é tão santinha assim, logicamente o que a deixa
mais trancafiada no cenário é o medo que sente pelo desconhecido... Oh leitor, isso é um tanto verdade. Vocês hão
de concordar!
Como todo bom remake, vários
personagens são acrescentados à história, mas é claro, sempre fazendo menção ao
texto original. O príncipe, que graças a Deus chegou cedo e vive toda sua atual
aventura ao lado da jovem, não ficou 18 anos “preso” na torre, porém ele se
manteve só em uma caverna particular. Ora, alguém que se esconde de si mesmo e
dos outros, chamando-se Fynn Rider quando na verdade é o pobre José Bezerra,
tem sua própria forma de ver as sombras do real.
Neste conto, partiu da iniciativa de Rapunzel chegar mais perto de tais luzes flutuantes. Também, uma pessoa por
mais obediente que seja não aquentaria ficar 18 anos presa em um só lugar, não
é mesmo? Pois bem, voltando à narrativa, Caixinhos Dourados finalmente cria
coragem e sai da torre (isso mesmo! É ela que tem o poder; e não precisa de
nenhum príncipe atrasado se dar ao trabalho de vir buscá-la). Bem, é claro que
quando José Bezerra foi recebido com um golpe de frigideira, ela sentiu-se mais
segura e, tramando um plano com ele, saiu para conhecer as luzes do mundo
exterior...
No
caminho, os dois pombinhos chegam à cativa taberna “O patinho fofo”. Fynn pensa
que, graças à assustadora aparência dos brutamontes, Rapunzel se assustará e
voltará correndo para a caverna; mas... como todo filme da Disney tem de ter canções... Você tem um sonho leitor?! He-he,
claro que esta parte da aventura é bastante figurada... mas não deixa de ser
verossímil. Acho que as tais pessoas da taberna
podem ter, cada um, um outro tipo de caverna
alternativa. Ora, se um na verdade quer ser pianista, cicrano deseja ser
mímico, já beltrano tem um sonho de casar e ter filhos, e por aí vai; estão
todos presos em seus corpos físicos e se escondem uns dos outros. Porém, tudo
muda quando a garota chega ao lugarejo e começa a cantar. Podemos tirar daí a
ideia de que se um ser sai da caverna, posteriormente ele ilumina os outros a
seguirem o exemplo. Viu?! Está tudo interligado leitor!!!
Depois de contemplar as lanternas
e se rebelar contra a mãe de criação, Rapunzel descobre ser a famosa princesa
perdida de reino. He-he, é claro que essa chance de descobrirmos que somos
ricos e herdeiros de um reino é bem remota nos dias atuais. Contudo, se sairmos
de nossa caverna em direção às luzes
flutuantes, também podemos fazer uma incrível descoberta e mudar nossas
vidas assim como fez Caixinhos Dourados! Ai, ai... quem diria que os antigos
gregos estariam presentes até mesmo em contos dos irmão Grimm. Bom, obrigado
por tudo leitor. Vamos sair da caverna?
Davi
Dumont Farace
30/08 - 01/09 - 09/09
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