terça-feira, 18 de setembro de 2012

qual sua "torre" + aconchegante?!


Cavernas alternativas. 

     Olá, mais uma vez nos encontramos aqui! Bem, que bom que veio... não aquentava mais ficar esperando nesta torre escondida e monótona. He-he, brincadeira! Você provavelmente já sabe da história que vou contar agora... Um conto aparentemente bobinho e infantil, mas que pode ser bastante real e filosófico dependendo da maneira como é contado. Ah, me poupe! Quem nunca se emocionou ao ouvir dos mais velhos essas histórias? Porque você acha então que elas são e continuarão sendo passadas de geração em geração, com gente ainda fazendo remakes do texto original? Pois bem, sem mais blá-blá-blá (geralmente introduções de filosofias são chatinhas pois são mais teóricas do que práticas, eu sei), vamos ir direto para a parte legal.
     Era uma vez... Não... estou muito atrasado, vamos correr mais um tiquinho. Bem, era uma vez uma princesa chamada Rapunzel... que foi presa na torre mais alta... e depois o príncipe veio, escalou seus cabelos (a menina devia ter tranças bem fortes; mas isso não vem ao caso)... toda a ação se passou e lógico, viveram felizes para sempre! Depois desse sucesso alemão cair na boca do povo, a Walt Disney Pictures lançou em 2010 nos Estados Unidos o filme Tangled - enrolados. E é aí que eu quero chegar...      
     Este escrito funciona também como um convite; quem não viu ainda o filme não é completamente feliz e não tem o direito de estar vivo! He-he, dentre as excitantes comparações que podemos fazer à partir da obra, creio que as imagens da “torre” e das “luzes flutuantes” foram as que mais me intrigaram. A fingida e malvada Gothel (representando a cobiça e a sociedade das aparências); o engraçadinho camaleão Pascal (única real companhia para a menina por 18 anos seguidos); o príncipe que no início do filme apresenta-se como ladrão; bem como tantos outros personagens; convergem-se na imagem da caverna de Platão representada pela “torre escondida em um canto da floresta”. Como não tinha pensado nisto antes? Isto é, no antigo conto dos irmãos Grimm já tinha camuflada a filosofia do ateniense, só que era pequeno demais para tamanha visão. Agora, bem... não cresci muito em tamanho.... mas creio que posso ser mais atento.   
     Mas, onde estão as sombras propagadas nas paredes? É lógico que neste caso em particular elas se metaforizam também pelas imagens de todo o mundo exterior à torre, sombras que ora são pacíficas ora assustadoras na mente da curiosa Rapunzel. Quase caí da cadeira também quando a “mãe” da jovem diz serem meras estrelas o que a outra sonha como luzes flutuantes ou lanternas. A trama oportuniza também assuntos sobre a relação familiar. Sinto muito leitor, contarei agora o final do filme (não... espere aí, isso aparece bem no começo!). É claro que Gothel não deseja aprisionar a “filha” unicamente por um exagerado amor familiar; creio que a coitada também está cega através do poder da linda flor e vive só em mais outra caverna alternativa. Porém, como todo bom filme da Disney é deveras emocionante e inteiramente didático, Rapunzel ainda permanece na torre graças ao respeito e confiança que sente por aquela que a criou. Ah, mas ela não é tão santinha assim, logicamente o que a deixa mais trancafiada no cenário é o medo que sente pelo desconhecido...  Oh leitor, isso é um tanto verdade. Vocês hão de concordar!   
     Como todo bom remake, vários personagens são acrescentados à história, mas é claro, sempre fazendo menção ao texto original. O príncipe, que graças a Deus chegou cedo e vive toda sua atual aventura ao lado da jovem, não ficou 18 anos “preso” na torre, porém ele se manteve só em uma caverna particular. Ora, alguém que se esconde de si mesmo e dos outros, chamando-se Fynn Rider quando na verdade é o pobre José Bezerra, tem sua própria forma de ver as sombras do real.
     Neste conto, partiu da iniciativa de Rapunzel chegar mais perto de tais luzes flutuantes. Também, uma pessoa por mais obediente que seja não aquentaria ficar 18 anos presa em um só lugar, não é mesmo? Pois bem, voltando à narrativa, Caixinhos Dourados finalmente cria coragem e sai da torre (isso mesmo! É ela que tem o poder; e não precisa de nenhum príncipe atrasado se dar ao trabalho de vir buscá-la). Bem, é claro que quando José Bezerra foi recebido com um golpe de frigideira, ela sentiu-se mais segura e, tramando um plano com ele, saiu para conhecer as luzes do mundo exterior...
     No caminho, os dois pombinhos chegam à cativa taberna “O patinho fofo”. Fynn pensa que, graças à assustadora aparência dos brutamontes, Rapunzel se assustará e voltará correndo para a caverna; mas... como todo filme da Disney tem de ter canções... Você tem um sonho leitor?! He-he, claro que esta parte da aventura é bastante figurada... mas não deixa de ser verossímil. Acho que as tais pessoas da taberna podem ter, cada um, um outro tipo de caverna alternativa. Ora, se um na verdade quer ser pianista, cicrano deseja ser mímico, já beltrano tem um sonho de casar e ter filhos, e por aí vai; estão todos presos em seus corpos físicos e se escondem uns dos outros. Porém, tudo muda quando a garota chega ao lugarejo e começa a cantar. Podemos tirar daí a ideia de que se um ser sai da caverna, posteriormente ele ilumina os outros a seguirem o exemplo. Viu?! Está tudo interligado leitor!!!
     Depois de contemplar as lanternas e se rebelar contra a mãe de criação, Rapunzel descobre ser a famosa princesa perdida de reino. He-he, é claro que essa chance de descobrirmos que somos ricos e herdeiros de um reino é bem remota nos dias atuais. Contudo, se sairmos de nossa caverna em direção às luzes flutuantes, também podemos fazer uma incrível descoberta e mudar nossas vidas assim como fez Caixinhos Dourados! Ai, ai... quem diria que os antigos gregos estariam presentes até mesmo em contos dos irmão Grimm. Bom, obrigado por tudo leitor. Vamos sair da caverna?

 

                                                                          Davi Dumont Farace

30/08 - 01/09 - 09/09

Nenhum comentário:

Postar um comentário