domingo, 6 de novembro de 2011

...E agora mais um emocionante capítulo de: "A educação no Brasil."

Conhecimento em primeiro mundo.

  Desenvolvimento e educação. Não há como colocar essas duas palavras em âmbitos diferentes... Porém, no caso do Brasil, essas duas expressões parecem não se encontrar. É frequente o descaso com a educação em nosso país; tanto no sentido de instituição de ensino, quanto se olharmos os atuais modelos familiares.
   Tomaremos como ponto de partida os ensinamentos que nossos pais e/ou responsáveis podem nos oferecer ainda em nosso tempo de infância. A partir de lições simples como “não se pisar na grama” ou “devemos sempre respeitar o próximo”, somos convidados a lapidar nossas ações para uma melhor convivência em sociedade. Sendo assim, fica fácil saber quem foram os nossos primeiros professores. Ora, não foram eles que nos “iniciaram” em nosso alfabeto? Contudo, com os avanços dos meios de comunicação atrelados à correria desenfreada do mundo, podemos pensar que o que era antes trabalho inicial da família está, cada dia mais, empurrado para dentro das escolas, ou seja, nossos primeiros educadores não têm mais tempo de nos passar as bases da educação e, assim, atribuem essa difícil responsabilidade a terceiros. Devido a essa triste realidade, proporcionada por novos valores, como a ânsia por consumir um bem material ou a necessidade de se estar vinte e quatro horas conectado, famílias vão perdendo aos poucos a noção de companheirismo e passam a viver suas vidas de maneira cada vez mais individual.
   Não muito distante desse curioso modelo de educação familiar está o intrínseco problema da violência. Se determinada criança, seja por vários fatores, não receber das pessoas de seu convívio uma quantidade mínima de instrução, se torna difícil para a mesma, na vida adulta ou mesmo na pré-adolescência, distinguir entre o que é certo e o que é fácil. O que podemos fazer então para amenizar esse tipo de obstáculo, é nada mais nada menos do que proporcionar uma boa educação para as nossas crianças.
   Como vemos, a educação no Brasil saiu do status de prioridade para dar lugar ao dinheiro e as relações individuais. Ficamos cada dia mais indignados quando se trata desse tema seguindo a mesma perspectiva do olhar de profissionais do ramo, pessoas que fizeram uma opção por ajudar o país se desenvolver, contudo sentem-se cada vez mais desmotivadas neste árduo trabalho. Recentemente, estávamos lutando por apenas dez por cento do PIB para educação. Vivemos ainda em um Brasil onde o salário de professor dista em muito do ideal, se comparado às extensas horas de desgaste na profissão. Estamos em um país no qual não fica difícil relembrar com certa ironia aquela propaganda do governo, na qual se cantava “Tudo o que se cria tem um professor”... Refletindo sobre esses fatos, podemos chegar à conclusão de que o profissional educador é um ser masoquista. Não tenho a pretensão de transformar essa parte desta prosa em um cansativo discurso sobre “a educação no Brasil”, mesmo porque acho mais prudente deixar isso para os senhores políticos.
   Distanciando um pouco de nosso umbigo, é uma ironia pensar que o professor é mais remunerado e respeitado em países como o Japão, mesma nação em que a taxa de suicídio por motivos como repetir o ano na escola é alarmante! E em vista deste fato se torna contraditório pensar que esse mesmo conjunto de quatro ilhas é considerado um dos países de primeiro mundo. A correlação entre essa taxa de suicídio e o fato dessa comunidade ser desenvolvida, pode ser metaforizada em um para-casa que os brasileiros não estão fazendo corretamente. Não foram os antigos povos daquela nação oriental que “criaram” o misterioso e criativo alfabeto composto pelos famosos Kanji, Hiragana e Katakana? Através de guerras, por exemplo, essa escrita com alguns rabiscos aparentemente iguais no papel foi sendo elaborada e desenvolvida através dos milênios. Um “para-casa” que os japoneses fizeram muito bem. E, seguindo essa mesma linha de raciocínio, podemos supor que, desde aquela época, de rabiscos e desenvolvimento, o respeito pela sabedoria milenar estimulou o gosto pelos benefícios do conhecimento transmitido através das gerações, enraizando-se na comunidade nipônica. Por isso, alguns se suicidam, crendo ser uma vergonha não alcançar rapidamente o nível de conhecimento desejado.
   Porém, pouco interessa para o mundo saber quantos orientais morreram vítimas de suicídio no decorrer dos anos, e além do mais estamos no Brasil. Nosso alfabeto é composto por letras e não por aqueles símbolos e expressões que, vamos e convenhamos, estão do outro lado do planeta. Contudo, através desse exemplo concluímos que os orientais têm muito a nos ensinar sobre educação. Podem nos ajudar a entender o motivo pelo qual um educador deve ser tão bem remunerado como um médico, um advogado ou um funcionário da receita federal.  
   Voltando ao cenário do Brasil, outro aspecto que deve ser considerado é o frequente descaso com os cursos voltados para a área da educação, como por exemplo, o curso de Letras. “Porque você, dentre todas as opções, escolheu cursar esse curso que só forma professor”? A pergunta é feita a todos os candidatos a seleção deste curso como se fosse uma escolha absurda e o espanto com que a sociedade vê o estudante que fez essa opção pode fazê-lo se sentir uma pessoa inútil em nossa sociedade. Se voltarmos o pensamento para alguns séculos em nossa história, poderemos ver claramente que esse preconceito para com o curso de Letras, por exemplo, já foi observado desde os tempos do filósofo ateniense Platão (427-347 a.c). Segundo ele, por justamente a literatura não apresentar funcionalidade e não partir de pressupostos concretos, esta estaria classificada no último grau de importância na “construção” de cidade ideal platônica. E, comparando esse modelo com a atual forma de se enxergar os cursos de ciências humanas; a educação, tema que ainda depende de bons profissionais formados nestas áreas do conhecimento, fica um pouco a desejar.
   Concluindo, o conhecimento, bem imaterial que tantos países de primeiro mundo sabem como preservar é uma qualidade que deve ser proposta, mantida e renovada em cada ser humano. E a boa educação se torna uma das grandes chaves para vivermos em um mundo com menos desigualdade e mais respeito mútuo.
  

Davi Dumont Farace.
Inicio à 01/10/2.011
Fim à 05/10/2.011

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