domingo, 18 de dezembro de 2011

Trabalhinho de Literatura.

FALE/UFMG
Teoria da Literatura I

Conto 88.

   “Ela se enfurece, apanha atrás da porta o cacete, avança contra ele. Com o braço João desvia o golpe. Longe salta o porrete. Ela investe à unha e os dois se agarram. De vereda a idéia de matá-la. Muito sofreu com ela, só faz passar vergonha. Com as mãos na garganta: aquele dia o último. Daí arrasta para fora o corpo. Seguido pela menina, medo de ficar sozinha. Até ajuda a carregar, ele vai derrubando a velha. Enterra bem fundo e espalha em cima galhos e folhas. Voltam para casa. João faz duas trouxinhas de roupa. Manhã seguinte vende as galinhas. Dá a mão para a menina e se perdem na curva. O guapeca trotando atrás.” (TREVISAN, Dalton. 234. Rio de Janeiro: Record: 1997, p. 51)


   Analise a posição do narrador em relação ao espaço e ao tempo no miniconto de autoria de Dalton Trevisan, de acordo com a teoria exposta por Mário Vargas LLosa em “Cartas a um jovem escritor.”

    Ao se analisar o “conto 88” escrito pelo autor Dalton Trevisan, percebe-se um narrador que conta a história através de terceira pessoa e ocupa um espaço que pode coincidir ou não com o cenário da narrativa. Haja vista a teoria exposta por Mário Vargas LLosa em “Cartas a um jovem escritor”, o narrador do conto de Trevisan classifica-se como onisciente.
     Através da opção por se colocar a maioria dos verbos no presente do indicativo, Dalton Trevisan busca aproximar sua obra de seu leitor e contribui fixe a atenção de quem a está lendo. Embora o autor tenha feito opção por esse modo e tempo verbal, podemos facilmente notar, através do advérbio de tempo “Manhã seguinte”, que o narrador do miniconto de Trevisan utiliza-se do tempo psicológico para contar a história. Finalmente, segundo a teoria exposta por LLosa, o narrador do “conto 88” situa-se no presente para narrar fatos ocorridos em um passado, quer seja ele próximo ou distante.
     Vale salientar que a escolha da expressão “Muito sofreu” reafirma a onisciência do narrador. Esta expressão também pode nos levar a pensar sobre a diegese da narrativa, podendo o narrador ser entendido a partir da frase onde a expressão se encontra como homodiegético.
     Finalmente, através da escolha lexical de Trevisan, feita por expressões tais como “vende as galinhas”, “espalha em cima galhos e folhas” e “O guapeca trotando atrás”, podemos pensar que o espaço físico da narrativa é uma casa de interior com um possível quintal atrás. Concluindo, segundo a perspectiva de LLosa em relação aos lugares da narrativa, podemos discorrer que Trevisan faz essa escolha para que sua obra se situe em um lugar específico e seja considerada mais verossimilhante.



Davi Dumont Farace.

26/11/2.011

Nenhum comentário:

Postar um comentário