quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

nostalgia presente.

Caminhos prósperos.

      Bling,blong,bling...não,não é o som do sino da igreja anunciando o começo da missa das 18:35 ou o badalar dos corações dos noivos saindo do casamento.É o alegre,empolgante e emocionante,porém triste,choroso e gritante som do último e derradeiro sinal de meu terceiro ano.Nos abraçamos,os flashes de 83 máquinas digitais se fazem ouvir como os gritos ensurdecedores dos outros alunos correndo e trombando nas pessoas como babuínos.Estamos tão perto mais tão longe de nós mesmos!  Fazemos aquele retrato resumido de turma feliz, mesmo que muitos não se encontrem nunca mais e não se lembrem de todos os rostos de juventude felizes em meio a essas quatro paredes.
      A vida nos convida a fazer uma pausa e voltar ao nosso sereno e calmo tempo de bebês, doce passado remoto onde talvez nem lembremos ao certo do primeiro dente, da primeira palavra, do primeiro sorriso, doces recordações fantasiosas que não volverão jamais. O tempo nos reservou, através de estímulos diversos de nossas famílias e de outros amigos, a graça de estarmos aqui hoje. Com um sorriso fosco, vivemos o tempo das tias do pré, vida de bagunça e sem horário para nada, somente comer, beber, dormir, passear, brincar... 
     O circo acabou. E agora José? Convoco meus amigos a fazermos nossa derradeira excursão juntos. Subimos o corredor frio que nos abandona e nos leva às salas, à capela, a mais alta torre da alma. Lembro-me da primeira série que me acolheu nesta instituição, exatamente a primeira, o começo destes longos e rápidos anos. Um nome me veio sorrateiramente na cabeça: -Marta! Era forte, inquietante e sereno; era minha professora; tinha eu tantas e difíceis matérias, não sabia ao menos o que era o tal de Para-casa. Aprendia coisas simples que para mim e minha turma na época eram novas, começávamos a sair do nosso pacato mundo de bebês e entravamos talvez nesta corrida letiva desfrenética repleta de sons e sonhos.
      A segunda série começou. Novos e velhos amigos, novos e velhos desafios, novas e velhas aventuras. A vida na escola sempre foi e sempre será uma aventura. Coisas para copiar, para entregar, para refazer, para enfeitar, rascunhar, falar, observar, amar... Pára o mundo que eu quero descer!E pelas alavancadas do bonde na estação, “tem gente que chega pra ficar... tem gente que veio só olhar... tem gente a sorrir e a chorar”, já sabiamente dizia Fernando Brant.
     Passam-se os dias, horas, anos... Este palco iluminado nos revela tantos caminhos e prazeres. Peças de teatro, festivais de dança, Oscar de cinema, festas no colégio, provas, momentos de reflexão e amadurecimento, confraternizações, amizades novas e profundas, educadores e educadoras que nos proporcionam a cada dia a saída do ninho. Atire a primeira pedra quem nunca achou difícil, caiu muitas vezes, mas em outras incontáveis continuou o caminho, e como uma fênix, renovou-se e ressurgiu-se das cinzas do desespero das médias perdidas.
      Agora, penetramos como um bando de animais tagarelas em outros reinos... Terceira, quarta, quinta, sexta, sétima, oitava, nona e finalmente ensino médio, a etapa final de nossa expedição. O conhecimento se torna mais amplo e disseminado, a Ciência se divide em Física, Biologia e Química; o Português em Português e Literatura; a História em História e Atualidades; e assim caminha a humanidade. Não, que isso? Nos negamos à ficar enfadados já pensando em nossos futuros promissores, queremos viver o presente aqui e agora. Muitos são os dilemas da adolescência, relações familiares, academia, festas de debutante, zoação com amigos, orkut, MSN, twitter, cinema na sexta, namoros, amizades coloridas...muita e muita malhação.
      No decorrer destes curtos anos nos preparamos para entrar nas universidades. Como grandes Semi-Deuses do Olimpo, escrevemos o velho papiro e vamos ao encontro das górgonas que guardam incessantemente nosso futuro que pode ser reinventado a cada dia. Mesmo que alguns se percam no caminho por alguma fatalidade que seja, eles continuam sempre vivos em nós. Suas garras, emoções, alegrias, vitórias, amizades, vida, amores. Junto com as serenas almas que pensamos que partem para sempre no bonde da estação, o sorriso de Ludmila, nossa querida Lud, sempre permanecerá em nossa lembrança.
       Para os que continuam nesse grande playground, só se vive em função do estudo, fazendo dieta a base de livros novos e usados. Nossas idéias vagas se transformam em vagões que partem para o desconhecido; “vou fazer Letras”, “posso fazer Biomedicina”, “quem sabe Psicologia”, “ Já decidi que sou Físico Nuclear”, “ “Odontologia”, “amo animais,sou Veterinária”, “vou fazer Direito”, “Matemática talvez”,“Clima de FAFICHI queridos”... E circunspectos continuamos a escrever o insondável livreto.
      Somos gratos por aquelas pessoas que levantam quase ao raiar do dia para tornar esta realidade possível. Nossa grande unida e ouriçada família Marcelina. Nossos pais, mães, educadores, parentes, amigos, vizinhos, funcionários do colégio, motoristas de ônibus, nós mesmos...  Gente que, algum dia acreditou e materializou, nas aulas de filosofia, a nossa sina a cumprir, vamos vivendo.
       Sabemos que todas as alegrias e dificuldades desses anos foram presentes divinos. Temos fé e agradecemos a Deus por permitir que através de todas as experiências vividas, nos preparássemos para o futuro.  Futuro este, que desejamos e esperamos será brilhante!
                                                                    Davi Dumont Farace.               16 de junho de 2.010

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