Um país que sonha.
2010!Ano em que a África do Sul conquistou uma oportunidade rara de mostrar ao mundo sua cultura, suas tradições, costumes. Os dias 10 e 11 de junho sempre ficarão, para alguns,guardados na memória.Dias em que no Estádio Orlando e no Soccer Sity Stadium,ambos na cidade de Joanesbusgo,a famosa copa das nações foi comemorada e muitos artistas cantaram e dançaram em palcos iluminados por lanternas de constante esperança.O mundo aplaudiu de pé quando a cantora colombiana Shakira subiu ao palco e cantou com as vozes da alma a nova música "This time for África." e lágrimas puras de incontáveis e inocentes pessoas que lutavam e ainda lutam para viver o amanhã e o depois sem guerras, massacres, epidemias,são lembradas na música para que algum dia, essa realidade possa mudar.
Anos e anos se passaram e ainda permanece viva na história do continente (principalmente na África do Sul) lembranças do Apartheid, regime político e segregacionista que de 1947 até 1990 o país da copa foi controlado por ingleses e holandeses que proibiam tanto o casamento inter-racial quanto a circulação de negros em algumas muitas áreas de suas próprias terras. Diante dessa balburdia, vários negros inocentes foram mortos, a vida lá ficou mais pobre e o herói que se tornaria mais tarde presidente da África do Sul, Nelson Rolihlahla Mandela foi preso em Port Elizabeth, entre agosto de 1962 e fevereiro de 1990, somente por sua luta inicialmente pacífica e posteriormente armada contra o tenebroso regime.Mais tarde, esse mesmo negro ganhou em 1993,o prêmio Nobel da Paz graças aos seus esforços desenvolvidos no sentido de acabar com a segregação racial.
Infelizmente, sinto que já acabou o mito do país.Em cada minuto que vivemos aqui, pessoas morrem alí sem terem ao menos um local digno para serem enterradas.Estamos diante de uma realidade que nos mostra que cerca de 79% de africanos atualmente têm A.I.D.S segundo a OMS,somente em Botsuana, 39% dos negros entre 15 e 19 anos já a apresentam e em Lesoto e Zimbábue temos percentual de 20%. Aliado ao problema de saúde,temos o entrave da má distribuicão de renda do continente. É um absurdo o que foi feito na Cidade do Cabo,capital legislativa do país sede da Copa do Mundo, onde se escondeu os moradores mais pobres. Com três mil habitantes o local fica a 30 km do estádio de Green Point e é cercado por grades. As informações são de uma reportagem publicada no jornal "Folha de São Paulo".Se ainda vivemos com essa “sujeira embaixo do tapete”,como queremos solucionar outros fatos do conjunto como o acesso a água potável e de boa qualidade... a qualidade da própria vida, como anda ?
Os olhares mundiais estavam observando e esperando mais uma tão notável vitória do continente que podia acontecer, se não fosse aquele dia 27 de junho,que ficará para sempre marcado na memória de Drogba,do técnico sueco Sven-Goran Eriksson e de toda a Costa do Marfim.Agora resta para a “nação”,unir suas forças,basta o povo marginalizado parar de brigar entre si como fazem muitos grupos separatistas internos frutos da colonização,mais uma vez exagerada,feita por ingleses e holandeses. Rezamos para que ao menos algum governo possa se consolidar nesse palco de tragédias...que seja o M.P.L.A (Movimento Popular de Libertação de Angola),F.N.L.A (Frente Nacional de Libertação de Angola)ou quem sabe o UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola)...
Não podemos mais fazer como o exemplo do Brasil,que nos dias gloriosos dos jogos da sua seleção,deixou de produzir muito em termos econômicos.E esse gesto bonito foi somente porque a copa aconteceu fora dos limites do Estado. Imagina em 2.014?
Concluindo,nesse sonho dourado que encanta muitas pessoas e as toca com mais ubunto mesmo por alguns dias,um país não será esquecido por muito tempo.A Espanha,nação que é a nova estreante como campeã de um mundial tão comentado como esse,está em festa.É assim que caminha a humanidade,a estrela que renovou seu brilho em 10 de junho de 2.010 foi novamente ofuscada por um meteóro de mazelas e tragédias...A África só será mais um sonho vago na multidão.
Davi Dumont Farace. 20/07/2010.
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